4.12.05

na lagoa

Um início de pensação, bosta fluida, remar e queimar cabeças, o aleatório, o homem de flores na voz, a voz caladiça e gritando, e ombros e solavancos se sobrepondo – nada no inferno, nas últimas penas, sentido contrário e rouco, das pedras, escurinhas, breu da pouca consciência, um estar em outros, caindo na boca do indizível, mal dizendo o que é.

Enquanto blocos de gentes se amontoam num pseudoimaginário louco e pequeno, a dor é toda e nossa, não há como calar e a multidão emudece só.

Pensar mais uma vez na sozinhez e saber não sê-la, estrelas e lua invadindo o que devem, um frio batendo nas veias, nos ossos e olhos.

Visão congelada, antemão entreposta, caminhosidades, o voltar eterno, revoltar a um que pouco.
Descer quebrado, enevoar-se nessas ondas de calor que não se explicam na essência, as bestas-mundo sobrando, atravancadas como carnes de gente, entrevados no sossego imediatoso, ali, bem onde tudo se encurva, se rende em feias teias de piche e sal.

Saber assim da própria inutilidade. Mas sei – acaso – de uma força que se não destrói, primeiro encerra e depois funciona.

Porque, se a palavra é sonho, que inunde, então, as luzes íntimas, que role desastrado nas paredes do mundo.

São de quê as paredes do mundo?

Animosidade panacéia rugosidades?

Alívio alento loucura?

São de quê as paredes da alma?

Escarnecem ao mero sinal de derrota, ou pelo contrário?
É que a voz não cessa e teima em jorrar

(que ou quê? - pra bia)
( esperando, em joão pessoa)
( de uma gaveta de 1999)

1 Comments:

Blogger L. said...

meu deus, você é uma escritora. estou (positivamente) chocada, (positivamente) invejosa.

saber assim da própria inutilidade...

00:16  

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